Bandeira Brasil-Polônia

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segunda-feira, 13 de maio de 2013

Stanislaw, o polonês voador


André Rodrigues/Gazeta do Povo /

A história do piloto que, há 80 anos, cruzou o Oceano Atlântico em um avião monomotor e bateu o rd“voo em linha reta sem aterrissagem”
O polonês Stanislaw Skar­zynski temia entrar para a história como um fracassado. O piloto de 34 anos driblou imprensa, curiosos e o risco de virar chacota por um possível desastre para decolar do aeroporto de Varsóvia em direção à França. Lá, conferiu o peso do avião – eram 450 quilos redondos – e seguiu rumo à África.
A meta era bater um recorde: cruzar o Oceano Atlântico em um avião monomotor de pequeno porte. Os riscos, constantes. Todo peso excedente, por exemplo, deveria ser evitado para a colocação de um tanque extra de combustível. Por isso, Stanislaw teve de abrir mão de qualquer equipamento de segurança. Não havia rádio, nem paraquedas. Bote salva-vidas muito menos. Sua bagagem? Duas maletas. Uma com roupas, outra com mapas.

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Wiki Commons / Stanislaw, o “polonês maluco”; e a réplica de seu avião monomotor, acimaAmpliar imagem
Stanislaw, o “polonês maluco”; e a réplica de seu avião monomotor, acima
A viagem
Há 80 anos, em maio de 1933, Stanislaw saiu de Saint-Louis, em Senegal, e partiu com destino a Maceió, em Alagoas. Após 20 horas de voo e 3,6 mil quilômetros de travessia, o polonês obteve o recorde mundial de voo em linha reta, sem aterrissagem, feito com um avião de segunda categoria.
O Aventura teve apoio do governo polonês, que queria estreitar os laços com a comunidade polonesa no Brasil. Um ano antes do voo, Stanislaw e outros pesquisadores se debruçaram em livros e mapas para que o plano saísse do papel.
Muitos estudos de rotas e de clima foram necessários para dar segurança a Stanislaw. Mas nem isso evitou que o piloto encarasse fortes neblinas durante a viagem, forçando o “Águia Polonesa”, como passou a ser conhecido, a sobrevoar em altitudes baixas – algumas vezes a apenas 50 metros da superfície do mar.
Stanislaw ficou em território brasileiro até julho e visitou diversas cidades. Passou por Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Santos e estendeu a viagem para Buenos Aires,capital argentina.
Quando chegou ao Rio de Janeiro, então capital do Brasil, visitou o presidente Getúlio Vargas. Em seguida, voou para Curitiba. Ao aterrissar na capital paranaense, um pequeno acidente deteriorou parte de uma das asas do avião.
Isso não impediu uma festa de dez dias que incluiu desfiles em carro aberto pela cidade, visitas a autoridades e em sociedades polonesas. Stanislaw ainda foi até Ponta Grossa, Mallet e Irati. Em junho, com o avião em ordem, o polonês seguiu sua peregrinação pela América do Sul, passando por Porto Alegre e Buenos Aires.
O plano tornou-se mais audacioso. O governo da Polônia queria que Stanislaw chegasse aos Estados Unidos. Durante uma viagem de Porto Alegre para o Rio de Janeiro, o pequeno monomotor mostrou sinais de cansaço. Um vazamento de óleo o obrigou a uma breve parada em Santos.
O Águia Polonesa trocou, enfim, o céu pelo mar. No final de julho, ele embarcou junto com o avião em um navio rumo à Polônia, onde foi recebido. De braços abertos.
O fim
“Águia Polonesa” morreu durante a Segunda Guerra, aos 53 anos
Após a façanha histórica de atravessar o Atlântico com um avião tão pequeno, Stanislaw encarou a Segunda Guerra Mundial. Começou a defender seu país, junto com França e Grã-Bretanha, em 1939. A luta era contra os alemães. Mas em junho de 1942, quando regressava de uma investida em Bremen, na Alemanha, sua aeronave foi atingida.
O cônsul-geral da Polônia em Curitiba, Marek Makowski, conta que o piloto ainda conseguiu fazer um pouso de emergência no Mar do Norte. “Toda sua tripulação conseguiu se salvar, mas ele morreu afogado”, relata. Stanislaw tinha 53 anos.
Makowski afirma que o Águia Polonesa é um herói para o país. “Foi um grande aviador, audacioso, que defendeu a Polônia”, afirma o cônsul.
Poloneses no Brasil
Segundo o cônsul-geral da Polônia em Curitiba, Marek Makowski, existe hoje 1,5 milhão de descendentes poloneses morando no Sul do Brasil. O primeiro grupo de imigrantes chegou ao país em 1869 e se instalou em Brusque, Santa Catarina. “Após um ano, os cerca de 30 poloneses que saíram de lá vieram para Curitiba morar na então colônia Pilarzinho”, conta o cônsul. A última imigração em massa para o Brasil aconteceu em 1946, após a Segunda Guerra Mundial, com a chegada de aproximadamente 20 mil “polacos.”
Exposição tem documentos e fotos da proeza
Para quem quiser saber mais sobre as aventuras do polonês aviador, uma boa oportunidade: com curadoria de Dulce Osinski e Everly Giller, a exposição Um Intrépido Polonês em Céu Brasileiro: o Feito Ex­traor­dinário do Aviador Sta­nislaw Skar­zynski está em cartaz e fica aberta ao público até o dia 3 de junho no Museu Paranaense, no Centro de Curitiba.
A mostra traz a história de toda a viagem do aviador polonês com reproduções fotográficas, documentos e recortes de jornais da época. Há também uma maquete confeccionada por Axel Giller que reproduz uma réplica da aeronave RWD-5bis, utilizada pelo piloto, e um selo postal comemorativo, além de cartazes criados pela artista plástica Everly Giller.
A exposição é uma realização do Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba e da Casa de Cultura Polônia Brasil.
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Serviço:
Exposição: Um Intrépido Polonês em Céu Brasileiro: o Feito Extraordinário do Aviador Stanislaw Skarzynski. Museu Paranaense (R. Kellers, 289), São Francisco. De terça a sexta-feira das 9 às 18 horas. Sábados e domingos, das 10 às 16 horas. Entrada franca.

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